quinta-feira, 2 de agosto de 2012

De terras distantes

A maior honra que esta cidade já teve ela não sabe
Foi ter tido uma princesa andando aqui, por estas ruas
E é por isso este lugar, não por ser onde vivi, sagrado.

Alto-falante

À noite era o barulho do coração que de tão alto não me deixava dormir. Igual aqueles relógios chatos. Mas na verdade devia ser outro o motivo. O mesmo que também não deixava ele se acalmar.

De manhã bem cedo, antes de clarear, estava calmo o coração. Batia baixinho. Mas a cada "tum" fazia um "clec" em alguma madeira da cama, na cabeceira.

Como quem diz algo em sussurro no microfone.
E não me deixava dormir.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Crônicas do REM VI

De baixo de gigantes folhas de repolho me escondi dos índios que passaram logo mais na rua, ali em frente. Com seus carros e alto-falantes anunciaram indiretamente a mim, já avistado, que não havia razão para se esconder por medo de compartilhar as terras, sendo ainda inverno. Me escondi em vão. Por um medo infundado.

terça-feira, 24 de julho de 2012

"Experiência...

... não é o que aconteceu com você, mas o que você fez com o que aconteceu."
(Aldous Huxley)

sábado, 21 de julho de 2012

Passarinho

Trocaria vidas todas sem você por essas horas
Não faz nem sentido olhar imagem quando é suficientemente forte na memória
Tu parada ali me parecendo uma montagem
Um recorte d’outro mundo, uma miragem
Foste o dia mais feliz desse meu dia

No rádio, uma canção de amor entre as notícias
Na missa, uma criança ao ir brincar no pátio
Do meio da aula maçante foste aquele passarinho, na janela
E da vista da janela, num céu cinza em movimento
Foste azul...

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Esse não é sobre amor
É sobre um dos seus filhos
Ela, a insanidade
Aquela que confunde amor ao mundo e ódio próprio com amor próprio e ódio ao mundo allternadamente e rápido em uma imagem só de estroboscópio estático ambulante
O sentimento que não se permite
O tagarelho antipensável e o comportamento espásmico do pensar que resiste
E s'esvanece

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Acho que é difícil mesmo uma ilusão ou sonho que produza a tua figura como a tenho agora. Tenho o teu tamanho entre minhas mãos.  E a textura, o cheiro, olhar... Não os olhos, mas olhar; o movimento indetectável senão pela empatia, expectativa, curiosidade, vontade. Tenho-te sem ti. Exatamente aqui, onde te deixei... Ir.

Se

Não, não estou bem
E nem consigo mais falar contigo
E essa mudez não é de agora
Já sentia antes pelos teus ouvidos não saberem o que eu quero
E é precisamente essa a mudez que me atormenta
O que eu quero é te chamar, pra que venha aqui
O que eu quero é ver você entrar ali, naquela porta, como da última vez, pra que eu sinta tudo aquilo outra vez.
Mas quem sabe agora eu deixasse aquele medo estranho de lado, e não achasse que você está tão forte como achei.
                                                          
Tua beleza aquele dia tinha toda a tua beleza e tua segurança
Também tinha em tua beleza a tua distância
E é por isso que teu cheiro, mesmo sendo o mesmo cheiro, pareceu como a primeira vez
Quando tu não era minha
Como agora.

Se você entrasse ali de novo...
Se eu falasse, se eu pudesse
Se adiantasse.


Escolhi que tua cintura seja as minhas mãos
Que meu ar seja tua boca
Mas que se não forem sejam todos olhos e imaginação
Para sempre, como religião secreta do meu mundo interno.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Crônicas do REM V

Caminho por um corredor estreito, entre um muro e a parede externa de uma casa. Dobro à direita, contornando a casa, e o corredor se torna bem mais estreito, apertado. Não consigo mais voltar para o corredor mais largo, por não conseguir me virar para fazer a curva neste sentido. Sensação ligeiramente claustrofóbica.

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Caminho à noite, talvez de madrugada, por ruas desertas. Uma das lojas, com luzes acesas, porém sem ninguém, está aberta, propositalmente. É uma loja de colchões e a deixam aberta para publicidade, para que andem pela loja (corredores estreitos cercados por colchões) e vejam os produtos. Um sensor com alarme não permite que se fique parado muito tempo no mesmo lugar, para que as pessoas não durmam ali. Quando estou lá dentro penso "tenho que trazer a Gaia nesse lugar!"

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Caminho por muros entre casas vizinhas e vejo ao lado, um pouco longe, um leão. De perto vejo que tem formato de gato (mas é um leão). Volto para onde estava antes e haviam gatos e vejo agora que há alguns filhotes mortos.

sábado, 23 de junho de 2012

Lar, doce lar!

"Aquele que lê muito e anda muito, vê muito e sabe muito" (Dom Quixote)

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Tua natureza é uma formiga, um gato
Um passarinho, um dinossauro

Morango e pêssegos
Jabuticabas e maçã

Constelação
Raios de sol

Morros e vales

E não etéreo como o bíblico
Por tudo, além de tudo
Paraíso

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Conscientizo a minha boca
porque alguma coisa falta
Sopro pra sentir um algo, mordo, contraio e pressiono
É como andar nu e ter a temperatura do dia bem clara
mas no lugar da temperatura é um espaço, pra fora e por dentro
vazio de toque
vazio do beijo

Na cintura,é onde começa
ela solta a parte de cima do corpo pra trás e eu a aproximo
ela sorri de canto, sem abrir os lábios
eu seguro a nuca dela, por baixo dos cabelos
e a aproximo mais, devagar
Toco os lábios dela com os meus
Cheiro a respiração
.
.
.
Daí o resto do mundo desaparece...
Sim, e não é porque eu fecho os olhos
Porque o tempo do mundo também desaparece
O pensar desaparece
O que é feito nesse instante é simplesmente despensado
O que é feito nesse instante é um instinto instantâneo
Um querer conquistado
Uma daquelas coisas que se descritas como querendo dizer a sensação exata fica uma falsidade de tão longe do real.
E não é porque é um beijo
É porque é O beijo, 
o beijo Dela
Minha veste contra o frio do espaço.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Às vezes o que mais nos faz bem faz chorar
E às vezes dói
O que é forte é sentido
Mas nem sempre sorrido...

Hoje faz dois anos que eu guardo aquela foto na memória
A da menina desconhecida que apagou o mundo ao seu redor e depois deu novas cores a ele, vivas como nunca antes.
Soubesse eu tudo o que depois viria
E ora penso que faria tudo igual pra ver tudo de novo o que veio
Passar tudo o que passei e sentir tudo o que senti
Daquele exato instante até hoje, com a flor azul nos cabelos e os dedos de pianista segurando um pouco de calor nesse dia frio de fim de outono, e seguindo pra amanhã, que tem sempre a chance de ser tão perfeito como o ontem ou melhor, já que o melhor com ela é sempre novo e cada vez melhor.
Outra hora penso que nem tudo igual faria
Que de algumas lágrimas eu pouparia aquelas sardas
Ou que outras razões daria à existência delas, mais felizes.

Nesse momento quero dizer que ela dança nas ruas e nas lojas
e no supermercado e na cozinha.
Os mesmos lugares onde ela canta, como um anjo.
Que ela chora por medo da morte
Que ela tem os olhos mais doces e poéticos do mundo
Que a música é o seu refúgio e que eu, quando a vejo com ela, a música, as duas, lado a lado, às vezes não consigo separar bem uma da outra.

Nunca quero que sintas dor
Às vezes o sol bate nos olhos
Sempre te amo.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Auto-retrato

                           
errado
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rradoerrado
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errad   adoerradoerr    rrado
rrado   erradoerradoe    errad
 rrado    doerradoerrado    errado
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 errad      erradoerradoerr       rrado
  rado e    oerradoerradoer     d  oerr
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 erradoe     erradoe 
erradoe      doerrad 
rradoer         rradoer
erradoe            oerrado
rradoe                oerrad
adoerr                  errado
 adoerr                      oerrad
 doerradoer                     radoerrado

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Mente

Mente
Mente
Mente
Mente
Mente
Mente
Mente
Mente
Mata.