quarta-feira, 23 de abril de 2014

Poema ao meu amigo André

O Parque da Redenção tem esse nome por algum motivo que eu desconheço
E no dia da Ressurreição do Cristo-Sanguinolento fomos lá, o André e eu e a familia do André
Tia Prima, O Pai, A Avó até
Mas estávamos andando mais nós dois mesmo
Eu e o André

Vimos uma porção de bancas, e a nossa Redenção veio naquela tarde muito sóbrios
Depois dessa sequência interminável de noites chapados - num nível módico mas constante

No dia seguinte os parentes do André foram embora
Tia Prima, O Pai, Vovó tão doce
Daí você vai notar
(eles falam muito 'você', o André bem mais na presença deles)
Daí você vai notar que nas duas vezes que falei da Tia Prima eu não separei
E foi por gosto de não separar, que de tanto que elas se implicavam não dava pra imaginar elas separadas

No dia seguinte eles foram embora
O André e eu fumamos um baseado em seguida
Mais pela Redenção que havia nisso do que pelo barato, que nem foi tanto

A tarde correu lenta, eu procrastinando muito.
Naquela mesma tarde fomos de novo ao Parque da Redenção
Que se chama Parque Farroupilha, na verdade
E lá participamos de uma aula aberta de yoga,
E rimos das piadas internas da nossa casa
Que também é a casa do Léo, mas o Léo não anda frequentando muito, mas a gente ainda gosta muito dele
E depois voltamos pra casa
O André ainda comprou umas coisas numas bancas da feira da redenção
Que estavam no final desse domingo enorme
Que foi  o da volta do Jesú-Subiu-Aos-Céus ou algo assim

Tudo foi bem, e esse é um poema de Redenção
Que vai bem, vai bem e parece que vai acabar num 'mas' em itálico
Mas esse não vai:
A vida anda ótima, a Casa é ampla, eu sinto que tenho espaço no peito pela primeira vez de todas
Nunca desenhei tanto, nunca senti tanto amor pelas mulheres e elas por mim
Os cabelos me crescem fortes e enrolados, o sangue corre na velocidade certa de cada hora
As manhãs começam cedo, nunca estive tão saudável
Todo fim de tarde parece que o Zitarrosa está tocando guitarra na nossa sala.