segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Da estrada de tardinha

o rio é de nuvens
a mata é de sombras
e o céu é de fogo.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Caminharei
até o alto da montanha
pra catar umas maçãs
depois nú
me d'eleito'eito
na doçura desse nada.

Vomitado como uma flor

Sol te peço que apagues
só te peço que passes
12 horas de conversas enternadas
entra um homem foguete e caga na mesa
todos bebem com ele
três, quatro
a vazão enviezada
sério, sol, tá ficando feio pra ti
sei que tu é lento, mas dá um desconto hoje
o tambor já tá batendo
os dentes já tão roxos
e o bom-senso já era
tito não se atrasa
mas tarantulas se fazem decididas
vomitam pêlos pela pele
e ficam lá, lindas, nem viu nada
tu tá me ardendo as vistas
tu tá fazendo o mundo parecer verdade
te disse
tava tudo certo, quase anotado, quase agendado, quase vestido
mas cagou-se à mesa e sapataeiam lustrosiosamente em baile
taças e botellas
fuga da fuga da fugaçafoga a massa
da fumaça
corra antes que pare
não me leia, apenas largue

e se um dia lhe disser que me envergonho
saiba que estarei certo
e se um dia lhe disser que me arrependo
nada é mais errado
nada
é mais
errado.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Na arapuca própria
montada justinho pra mim e por mim

A espera é sempre obra e culpa de um só.

Será que espero ou desespero?
Já disse que as velas revelam texturas
que as formas das formas se mostram

mas a coisa mais linda que uma luz de vela faz ver
é o escuro.

...

e o silêncio, os barulhinhos...
é como acordar e apreciar o dormir.

ver as coisas noutras coisas
e não num mundo de si mesmas.
Enquadro a lua nos galhos
pra ver se faço um relógio
que me livre da noite aflição

Esfrego a lua nos olhos
pra ver se fala comigo

Trago o sol e cuspo nuvens
sou o esculacho de um deus sem noção.

sábado, 14 de dezembro de 2013

A gente é cheio de coisa
Que ora chama de problema, de mania, situação mal resolvida
De certeza, preconceito, medo
Coisa desse tipo, que é tudo na verdade o que se é
Isso do que a gente é cheio mas que se não fosse não teria o que se encher.

Receita médica pra alma

Tirar o chinelo às vezes pra sentir um contraste na vida
Pode ser na grama fria, na calçada quente, no chão sujo desse coletivo ou só no vento
Pode ser também na sola do outro pé.

Suor

manifestação ambígua

Tratado de velosofia

Cera derretida:
poça onde se afoga a chama da apegada

Deixa
rolar.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A lâmina d'água na bacia da pia

revelada apenas pela amenidade
   vela
           as penas      da      idade.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Caliandra

Vestia as orelhas e o pulso
iluminava-se de jazz...


Vestia as orelhas e o pulso
e o pulso
(o meu pulso
o teu pulso)
ocupava todo o espaço que não havia entre nós.

.
.
.

Levantou a pedra, pra saber se tinha que ser levantada
pontuou a frase com uma vírgula de caliandra
mais ou menos no lugar onde, pela primeira vez, a viu pela segunda vez.

E o rapaz agora era menino
e a menina, nesse dia, era mulher.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A vida segue...
    vida segue, vida
           segue, vida
           Segue!