sábado, 12 de março de 2011

Olhando ele na cama do hospital, depois do choque pela imagem, a reflexão só me trazia uma palavra à mente: história.
No quarto ao lado, e nos outros ao redor, estavam mães pós-parto. Histórias que ali começavam, ao lado de uma que terminava.

Meu avô morreu hoje, aos 77 anos de idade, por decorrência de um câncer devastador encontrado há poucos meses. Mas da pessoa que conheci já havia me despedido sem saber a mais tempo, antes do quadro se agravar. A última lembrança que terei dele é ainda em sua casa, quando já reclamava das seqüelas da cirurgia e sentia algumas dores, mas num momento se levantou e colocou no som uma de suas “bandinhas” de música alemã que tanto gostava e ouvia nos domingos. Ainda se animou a bater o pé no ritmo, olhando fixo pro chão. Talvez tenha sido a última vez que fez isso.

O carroceiro de Porto Vitória, quando jovem. O verdureiro da vizinhança, depois de velho. Sempre admirei ele fazer as coisas com as próprias mãos. Sabia carpintaria. Tinha uma estante com ferramentas que estavam durando há cerca de 50 anos, imagino. Mas também sabia muito da terra, do mato e do clima. Falava da natureza, nas suas caminhadas, coisas que nunca aprendi na faculdade.

Eu já sabia que quando ele se fosse ficaria pensando no quanto mais poderia ter aprendido com ele. Acho que, no fim, o maior legado que uma pessoa pode deixar é uma família. Sua história está feita. Sou grato à ele pela dedicação com que criou minha mãe.

Um comentário:

  1. Bah meus pêsames! É dificil ver alguem que ajudou a construir o nosso carater sair de cena. O que fica é a saudade e uma única obrigação: desfrutar o máximo do tempo com as as pesosas que amamos.
    Abraço

    ResponderExcluir