domingo, 14 de março de 2010

A janela

Sentado no velho sofá de napa preta,
Olho mais uma vez por dentro daquela moldura.
A antena, o muro e o telhado.
Tem um fundo, entretanto, que não pára.
Azulado, alaranjado, com branco, cinza e avermelhado.

Céu soprado, em linhas retas que divergem e somem.
Explodido, como um imponente desastre nuclear milhas além.
Escamado, em textura repetida que se expande em beleza ordenada.
Céu varrido; mal varrido, num desleixo de caos indecifrável.
Ondulado, em ilusão de um breve instante de movimento flagrado.
Até o mundo aplainado em mapa já fora esculpido.

No espaço, em um momento,
E no tempo, em um espaço,
O contínuo se apresenta.
Na metáfora da maior magia do mundo.
O esforço dos meus olhos é inútil.
Tudo muda na mais perfeita estabilidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário