domingo, 11 de maio de 2014

Existem dois tipos de escuro
e dois tipos de silêncio

aquele que se tem em um lugar fechado, abafado, quase absoluto
e aquele que se tem na noite do campo

amplo
aberto
vasto

e polvilhado de estrelas, de grilos, de folhas secas molhadas no chão refletindo e fracionando a lua, de névoa branca sobre a água, onde se rompe um pulo de peixe (e esse é o maior barulho de todos, a lua dos sons)

e esse escuro e esse silêncio vastos são tão vastos que parece que sublimam o teu ser pra fora, como uma expiração sem fim
o que decerto deve explicar essa sensação paradoxal de ser ao mesmo tempo tão nada e tão grande
tão corpo e tão alma
tão etéreo e tão terrunho

essa sensação de querer sair voando sem deixar de sentir a grama nos pés.

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