quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Intrinsicalismo ou associativismo

O que eu me pergunto é:
será que se o céu fosse verde
e o mato, azul
e tivesse sido sempre assim
ainda teríamos os mesmos sentimentos?

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Alternativas a um mundo agendado

Sempre tem uns segundos no ano
que eu preciso me relembrar em que parte do ciclo estamos
e me faz pensar como seria
se de fato nunca soubéssemos o que está por vir.

Será que teremos dez meses de calor? Ou um dia apenas?
Será que tá vindo uma noite aí? Quando voltaremos a ver o sol nascer?

Na real não sei se a gente sabe mesmo
ou só acerta bastante e vive achando que sabe.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Expectro de setembro

Tem existências que só se nota na transição

...

Sigo uma folha e ando de novo entre as mirtáceas
Confirmo nos olhos, sem ver, na pele e fundo das narinas
Um suor das coisas que não sei bem quê
Mas que transpira e, a despeito do que vem dos matos e umas flores, não é todo cheiro
Tem isso nas cores e nas (ditas) mortas superfícies, agora
Como se expirassem a alma que dormiu um inverno inteiro.

sábado, 18 de maio de 2013

Volta na quadra

Tempo suficiente pra criar e abandonar toda uma filosofia.
Gosto de músicas que vêm de fora
Digo da janela, ou mesmo ouvindo rádio
Que não seja eu que escolhi
É como se, no mato, eu pusesse um pássaro
um pinheiro ou uma flor
pra ver
Quando escolho, digo.
Quando vem de fora é parte do ambiente
me parece
Vem mais natural
Tem essa de receber
Mais sentido em contemplar.

A Véspera

Olhe aquele cara ali
Sozinho entre cem mesas
Sob um toldo decorado de holofotes verdes
Que engraçadamente ele acendeu pra si
Nessa noite úmida e vazia
Amanhã tudo estará cheio.
...
..
.

Amanhã só? Tudo cheio?
E essa brisa silenciosa de melancolia?
E o reinado da canção que ele escolheu?
E a profundidade do momento?
O trago, o medo, a falta, o ermo?
O nada!
Amanhã tudo estará tão vazio...

Natureza urbana

Pombas descansam no alto de um monumento
Na calçada o festival eterno de momentos

Passa um parecido com lisboa (o nei)
Pássaros que de tão frio são só conceitos
Mas tem casa de joão e o quero-quero que vai logo no que vem

O que tem de todo tipo mesmo é cão
E não importa se é pelado ou é vestido
Quatro patas ou só três
Quando a pomba que desceu é um chamariz
Chama tanto quanto a mim o cheiro desse pão no saco pardo
Temperando a atmosfera...
Essa impedida de ser como o pão: quente e fresca ao mesmo tempo.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Não aqui

Um ciclista vai pro norte
penso que é porque é mais longe
olho pros meus pés e sinto um cheiro na imaginação
que não sei da natureza mas que é cheio de clareza do seu tempo

Sol no algodão...
que nem chuva na terra
que nem grimpa queimada
que nem bosta no campo

E como soa essa palavra quando dita assim!
"vou pro Campo"...
enche a boca
achque até preteia uns dente e muda a fala
sua por debaixo do chapéu que não tá ali
e a grama que não tem te passa a sola e já começa a cutucar no pé.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Toco de fumo

Vinho passado?

pfffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffff

talo seco
folha velha
dedo torto
som rachado

desdentado é o gozo do mijado
babada a barba do bêbado
genuína a alegria do abobado!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A solidão é um grande silêncio cheio de palavras escritas

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A rede é o sorriso de uma casa

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Chuva

Chuva, é ela que vai
é ela que vem e que vai.
Não é doce nem salgada,
ela é somente calada.

É ela que  molha
infelizmente ela não olha.
Para ver a felicidade
no campo e na cidade.

Num dia de chuva
tudo fica como a lua, esburacado,
coitado é o carro, que passa depois
cheio de buracos, fica todo despedaçado.

Chuva, é ela que cai
é ela que vem e que vai.
Não é doce nem salgada,
ela é somente calada.

Fernanda Rodrigues e Ana Carolina Bronizaki

sábado, 22 de setembro de 2012

Crônicas do REM VII

O campo verde está todo cercado. E no limite dele há um precipício, onde eu me equilibro segurando num arame da cerca. Lá embaixo vejo um banhado feio, nada bom de cair. E adiante, se eu sigo pela beirada do precipício, posso chegar numa floresta seca, só com árvores sem folhas, vizinha do campo.

O campo verde cercado, a floresta seca e o banhado. Entre os três, num precipício, eu.

...

Noutro momento, tiros. Todos atiravam em todos. Até quem parecia bom, escondia uma arma e matava. Um sonho a la Tarantino.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Hoje ainda é sempre.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

(Socorro)

Diante das tuas palavras
te dou uma cara de gesso
e esculpido em gelo um coração

Fiz só de fumaça a alma

(Só que às vezes ela afoga
e aqui dentro eu choro)

Não espere dele riso nem razão
Fiz só disso o mim que vês
Não espere dele amor ou uma moral
Fiz só disso...

Meu disfarce de fumaça, gelo e gesso.

...

Mas às vezes um teu cheiro, um cacho
ou tua falta no meu peito
tua ausência há dias
e a canção vazia de tua voz
no apartamento escuro de tua magia
cada disso parte um pouco o gesso e eu te vejo!

(Me reviro, como houvesse me enterrado vivo).