terça-feira, 31 de dezembro de 2024
Me deixa
Feliz por você
Que vem à praia uma vez ao ano
E hoje acordou com céu azul, ar quente e um vento fresco.
As cervejas estão frescas, as torneiras estão brilhando
Os músicos estão ensaiados e as mesas estão postas.
Eu sei como é a sensação
Feliz por você!
Que descansam bem saudáveis e tranquilos.
Que encontrou no mato que arranquei
Em meio à terra solta, alimento.
Porque sei que essa dor é a porta estreita
Para a nova estrada à frente e para, finalmente
Conhecer a vida baseada em amizade e amor.
Que já era amado e será, agora, ainda mais.
Que já tinha amor em ti, lá dentro, pela vida
E agora abriu a porta e alçou voo
Encontrou um outro amor voando e dançarão
Voarão por esse mundo afora e bem aqui.
Eu não preciso de mais nada
Tenho no bem de vocês o meu maior presente.
Enquanto estiver bem – mesmo se doente ou sozinho
Enxergarei vocês assim.
És a pessoa que escolhi para me dedicar a olhar tão bem
Mas tão bem, que mesmo em tua tristeza enxergarei caminho
Estenderei minha mão e te conduzirei, novamente, para o sol e o mar.
Eu me sinto mais sol e mar do que nunca
Você me fez verão, e eu te abraçarei em todas estações da tua vida.
sábado, 28 de dezembro de 2024
O colo
sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
A rosa
terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Minha fé
segunda-feira, 16 de dezembro de 2024
sábado, 14 de dezembro de 2024
Tua fé
quarta-feira, 11 de dezembro de 2024
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
sábado, 7 de dezembro de 2024
Avessos campestres
domingo, 1 de dezembro de 2024
quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Raios
domingo, 24 de novembro de 2024
sexta-feira, 22 de novembro de 2024
quinta-feira, 21 de novembro de 2024
terça-feira, 19 de novembro de 2024
Pequena história
Vai
Vidia
domingo, 17 de novembro de 2024
Poema biológico
Folha
Solriso
sábado, 16 de novembro de 2024
terça-feira, 12 de novembro de 2024
domingo, 10 de novembro de 2024
terça-feira, 5 de novembro de 2024
domingo, 3 de novembro de 2024
segunda-feira, 28 de outubro de 2024
quinta-feira, 24 de outubro de 2024
segunda-feira, 21 de outubro de 2024
domingo, 20 de outubro de 2024
quinta-feira, 17 de outubro de 2024
Ciclo
quarta-feira, 16 de outubro de 2024
Isa de Sorriso
segunda-feira, 14 de outubro de 2024
Receita-roteiro para a alma-escrita
domingo, 13 de outubro de 2024
Despertar é desapaixonar-se
Quando ela baixou, despencaram-se meus braços que pesaram, com pesar
Desmanchou-se algo no peito.
Deixei que eles ficassem lá com sua alegria pura
Sem meus olhos temporariamente tristes do encanto manchado
Mesmo eu sabendo que o encanto é que é uma mancha sobre as córneas.
Ou apaixonar-se pelo todo, amar a tudo igualmente, o que dá no mesmo
A paixão é a extinção do meio-termo: ora é dor, ora euforia, e nunca suficiente
Despertar é extinguir seu fogo dos desejos, e então serenar, contente.
Sei tudo: sei de Lídia, do que não seria tanto se não fosse apenas
Sei de amar sem receber, sei da pequenez das coisas, sei do bem maior
Mas saber não é viver. Quem apenas sabe tem um mapa em mãos e não caminha.
É uma indiferença alegre e compassiva de quem sai de cena, extingue-se
Não vou te desver, então, nem me desapaixonar. Vou desver a mim.
Até que, des-manchado como a areia fina, possa ser o chão de qualquer um.
quinta-feira, 10 de outubro de 2024
Estratigrafia (circular) da paixão
terça-feira, 8 de outubro de 2024
segunda-feira, 7 de outubro de 2024
Peri
sábado, 5 de outubro de 2024
quinta-feira, 3 de outubro de 2024
até o alto da montanha
para ver o sol, bem mais alto do que as nuvens
então, ontem, foi um dia plenamente iluminado.
com a luz que lhe restou, você é livre agora
e ninguém nem nada, muito menos eu
pudemos segurar-te, e nem devemos.
e te ver caindo assim, desnuda
é ao mesmo tempo doloroso
e admirável, tua coragem
vejo tu se aproximando
como gota d'uma doce chuva
para o mar azul, sereno e vasto
não pretendo achar que sei tua dor
deixe que o ar corra no teu rosto
que das lágrimas lhe deixe apenas traços.
que eu a guardo, a cuido em ti
com meus braços bem abertos e estendidos
eu te aguardo!
quarta-feira, 2 de outubro de 2024
nossas individualidades e desejos
que expressamos em segredo
nós subjugamos.
Lembra aquele ponto no horizonte
que fitamos lado a lado?
o bem, o todo, o belo?
ele foi se aproximando enquanto andamos.
Nossas linhas, nas conversas
dos olhares até o ponto
convergiram, convergiram
até que nos vimos.
E, lá dentro d'outro
ainda estava o ponto
o bem
o todo
o belo.
É tão fácil distrair-se nos teus olhos
na tua voz
é tão fácil se perder no nevoeiro
ou na noite
e esquecer que o sol persiste
em nosso centro
lá no alto ou d'outro lado
do horizonte.
Mas, nós combinamos:
se nas íris de eros
esse ponto do horizonte também mora
manteremos nosso foco nele
e não no encanto
porque encanto passa
porque é raro de encontrá-lo ali
onde achamos.
Que a intenção do enlace
se por vez se passe
seja a paz.
Que fitemos, sim, as íris
porque é bom
mas jamais surdemos
ou ceguemos
para o rio que passa
diante delas
e através.
quinta-feira, 26 de setembro de 2024
O andarilho e a casa
quarta-feira, 25 de setembro de 2024
terça-feira, 24 de setembro de 2024
Transentir
afundados no que eu sinto
ou quando longe, ilhados
pairam na paisagem da memória.
domingo, 15 de setembro de 2024
Acho importante estar em sintonia.
Hoje, por exemplo, um dia
cinzento e solitário. Meu almoço combinava bem o amargo das fibras com o
tempero azedo e a ausência de gordura. Nem parece que botei sal. Ainda bem.
Parecia catado do chão (da floresta, não da cidade, o que não é tão ruim). E o
vinho, então, harmonizou perfeitamente. Era velho.
Mark Knopfler acompanhou com sua nova canção estilo velho Cash, enquanto Brendan Perry memorava coisas tais como: filhos do sol, do mar viemos, sacrifícios para elementais e, na cabeça, girassóis.
Na remada da manhã, constância e consistência até alcançar um não lugar, mas o cansaço, e sustentá-lo. Chegando no meio do nada, deve-se voltar.
Me senti bem depois da remada, da
música e da comida amargas. Mas aqui dentro ainda tento acertar o ritmo e a
vida não é carreira solo.
Experimento o que me ensinam Buda
e Ricardo Reis. Mora ali a resposta? Ou seria o blues? Não sei. Tenho percorrido
um mar de morros. Agora nesse vale fundo morreremos sós, céu, monotônicos?
Encarei a parede e adormeci.
(Em segredo, um pássaro cantou)
...
Em segredo, adorava uma divindade. Expressava diária e monologamente o desejo de ter com ela para longas conversas, ouvir sua sabedoria e receber diretamente amor. Naquele dia, finalmente, lhe apareceu. Vestia a noite e uma estrela, daquelas que só aparecem na visão periférica, então não lhe podia olhar diretamente. Sobre as elevadas expectativas, no entanto, derramou-se um balde d’água fria de secura ardente: “VEJA! NÃO SOU. LIBERTE-SE!”. Desapareceu.
Arrasado, saiu para lugar nenhum pisando sobre nada e tropeçando em verdades, levando-o inevitavelmente a cair no vazio. Tentava agarrar-se em algo, em vão.
Entediado pela queda interminável, tirou do bolso um velho guia físico-espiritual constituído de uma página onde estava apenas representado um barbante na vertical e, de cada ponta, abriam-se universos (d)e conceitos. Pela primeira vez, então, experimentou virar a página sem sair da folha, já que era a única. O resultado da mudança de ângulo para a nova dimensão foi ver que o barbante era, em realidade, uma circunferência em que as duas cosmopontas se ligavam, de modo que uma aparente oscilação para cima e para baixo consistia em ilusão gerada a partir de um movimento circular contínuo.
Passou a viver sob essa “cosmocircunvisão
em queda livre” e compreendeu como era possível ser feliz e triste ao mesmo
tempo. Que a beleza não era uma qualidade das coisas, mas um impulso para a
transmutação dos sentimentos. Aprendeu a amar sem receber e a reconhecer o que
não poderia ser tanto se não fosse apenas.
Muito espaço-tempo depois, a
queda se consolidou: não era chão, mas mar . Tão longe-longa a queda que
esqueceu da divindade. Boiando, percebeu e disse: “Ha! Libertei-me de ti!”. Quando,
então, de um velho canoeiro, chamado “Seu Divino”, ouviu: “SE VOCÊ PENSA QUE
FOI DE MIM QUE SE LIBERTOU, NÃO ENTENDEU NADA”. Suplicou: “Dê-me outra chance. Como
posso compreender tudo e libertar-me verdadeiramente?”. “VARRA A CALÇADA”.
“Hum... ok. E depois que terminar?” “DEVE DEIXAR QUE SUJE NOVAMENTE E, ENTÃO, VARRÊ-LA”.
“Tá, mas... e no intervalo?” “RESTAURAR CAPAS DE DISCOS DE VINIL”.
Já entendendo aonde aquilo iria não chegar, despediu-se e partiu. Dessa vez não em meio ao nada, mas a nado. Parou e, uma última vez, voltou o olhar. Longe e velho se reconheceu, remando. Saltou um peixe.