Ninguém é de ninguém.
Mas você deveria pertencer ao lugar mais elevado de jardins feitos em colinas sobre as nuvens de uma terra distante onde habitariam deuses jardineiros que lhe venerariam como a última flor da espécie. E eles não lhe tocariam nem lhe olhariam diretamente durante o dia para não cegarem, tão forte é a luz do mundo todo que é capaz de refletir em suas pétalas e tão profunda é a lança dos seus olhos se adentrasse os olhos deles que, então, perfurados fatalmente, perderiam sua deidade e se converteriam em mortais, camponeses condenados a sofrerem de desejos, desejosos de morrerem para não sentirem mais paixão tão grande e avassaladora pela rosa inalcançável, intocável e inalienável do jardim que, na verdade, então veriam: nunca havia sido deles.
Mas, sabendo olhá-la bem, do jeito certo - à noite ou, se de dia, pela margem da visão - poderiam sentar-se numa pedra e contemplá-la. Quando assim - serenos, respeitosos e sem avidez - você lhes presentearia com o aroma das palavras gestadas no cosmo do seu coração. E seria dessa forma que eles, deuses secretamente instruídos, poderiam transmitir toda a graça e a sabedoria - filhas da beleza de uma rosa - para a humanidade.
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