domingo, 13 de outubro de 2024

Sou um homem que tem pouca esperança e pouca ambição.
Às vezes tão poucas que parecem pessimismo e conformismo.
O outro lado da moeda é que tenho bem desenvolvidas a resiliência e a aceitação.
Meus lutos são curtos. Às vezes tão curtos que parecem indiferença.
E às vezes são, já que tenho uma noção de escala. Vejo a pequenez do que é pequeno.
Sei perder, principalmente o que eu nunca tive.
Lido com a dor ao meu modo: escrevo. 
Encaro ela de frente e a disseco. Dói na dor, então.
Meto o dedo na ferida com propósito de ver lá dentro a cura. Sintetizo e a transmuto.
Por tudo isso, sou visto geralmente como alguém tranquilo e, portanto, tranquilizador.
Não sou bom em confortar pela empatia, por meio de sentir ou perceber a dor do outro. 
Mas dizem que sou bom em acalmar, porque transmito paz no jeito e nas coisas que eu falo.
Escrevo tudo isso por notar como é engraçado como as coisas se combinam: a minha quase indiferença e as poucas esperança, empatia e ambição - que às vezes machucam - por suas faces de tranquilidade, aceitação, resiliência e contentamento fácil, outras vezes, são fontes de conforto e cura.

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