Desliza a caninana calma, saciada
Pousa e repousa um bando de biguás
Dança nos meus pés vanessa, a borboleta
Imerge enquanto nada a capivara, tímida.
Cerca-me de liberdade, essa lagoa
Guardada pela restinga.
Areia que se molda ao corpo
Sol que aquece
Vento afaga
Sombra que adormece.
Lá no alto, vejo a casa onde me retirei
Para dias de silêncio, esforço e harmonia.
Eu amo esse lugar!
Pasma, a mente tenta explicação
Mas por que tanta alegria? De onde vem?
E a resposta é "cale-se e respire", apenas
Feche os olhos e abra o coração.
Este não é um lugar que se explica
Estar nele, plena e verdadeiramente
É a resposta em si.
Chega a ser até um pecado
Desejar ter algo mais aqui, no paraíso
E esse é, na verdade
O único pecado em te querer.
À Lagoa do Peri, peço perdão.
Conhecendo a sua lenda
Creio que o terei.
...
Peri foi um índio que se apaixonou perdidamente pela bruxa Conceição. Amor proibido, encontravam-se na mata às escondidas.
”Onde já se viu, nossa bruxa andar sem roupa com aquele bando?!”, diziam as bruxas.
“O Peri voando por aí?! O lugar dele é na terra, aqui no mato!”, diziam na tribo.
Maldição lançada, Peri é transformado numa lagoa. Inconformada, as lágrimas de Conceição, salgadas, se acumularam e formaram outra lagoa.
Mas o laço entre os dois era tão forte que Peri moldou-se em coração, para que ela sempre sinta suas batidas, seu amor por ela.
...
"A sensação do belo não é outra coisa do que o desejo de harmonia das possibilidades de conhecimento" (Byung-Chul Han).
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