Na baía do Estreito
É no chão que encontro o meu melhor assento
De onde espreito me cruzando o olhar, distante
Uma média para grande embarcação
Que me faz pensar nas canoas, com menor conforto
Mas também com maior liberdade e menos peso
Pequenas embarcações... Como a vida simples
Nem tão pequenas, quando a solidão é obrigatória
Nem tão grandes a gerar preocupações e restringir o movimento
Penso "dois é um bom número".
Na baía do Estreito
Espreito ainda a ilha, a outra margem
Com seus morros mesclados pelo sol e as sombras
Com seus prédios encaixados, onde ela habita
Por detrás de mim passa um bebê, embarcado em colo
Lembro meu desejo, breve instante de cegueira e autocomiseração
Sinto como um tapa, me levanta a cara, em voz clara
"Morra nos morros. Morra nela"
E isso mais do que me basta para a vida plena
Só o amor desmancha e deixa a luz passar.