segunda-feira, 12 de abril de 2010

Do peito à laringe

Hoje acordei sentindo tudo aquilo que não se vê quando se olha.
O coração estava perto da garganta, o que decerto prenderia um pouco a voz.

Me apaixonei três vezes.
De duas não sei o nome; da outra não tenho fé.
Quem sabe essa uma volta noutro escrito.
Clamei por que ouvissem o que eu pensava.
E por que não falava? Se mexia a língua quando pensava, era dizível!
É que a fala tem uma carga.
Quem fala quer algo em troca; assim se pensa; e assim o é.
Esse é o problema do dizer. É voluntário. Só fala quem quer.
Diferente de pensar, que o faz quem apenas sente, sem nada querer.

Sente, pensa, quer, fala. Já não é...
Pensava mil coisas.
Podia sorrir, se ouvisse o pensar. Expresso estaria; e assim ficaria.
Mas sem conhecer, se ouvisse o falar, não ia gostar.
Dizer “te acho linda”, sem fala ou escrita. Eis um desafio.

Quanto mais claro, mais longe.
Quanto mais dito, mais torto.
Quanto mais mudo, mais puro.

Pequenos gestos...
Singelos...
Sutis...
Passam mais fácil do eu sentir pro tu sentir.
Ou volatilizam.

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