Já faz um tempinho que não escrevo
E não é por falta de inspiração.
Já quis falar sobre o mar
E sobre a sensação que aquela música do Philip Glass me causou
De como tudo passa, muda, mas algo sempre fica, persiste.
Já quis falar sobre a noite estrelada do van Gogh
Que vimos viva n’água do trapiche à beira-mar
Os seus morros-sombra e o pacífico socó noturno.
Já quis falar de tanta coisa linda
E uma vez ou outra, de estados perturbados.
Porém, há uma coisa que ultrapassa tudo
Tudo o que deixei de escrever não chega aos pés disso
Que persiste aqui dentro e que não vou deixar passar
E esse tempo apenas confirmou sua posição superior.
É um lugar
Ali...
Entre os olhos e o nariz dela
É o riso dela ali, nesses dois espaços.
Esqueçam as obras de pintores e compositores
Jamais me farão sentir o que eu sinto quando eu vejo esse riso dela
Que resolve tudo
Que faz eu perceber que o mundo, naquele momento
Está mais do que suficientemente azul, leve e florido.
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