terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Já faz um tempinho que não escrevo 
E não é por falta de inspiração. 

Já quis falar sobre o mar 
E sobre a sensação que aquela música do Philip Glass me causou 
De como tudo passa, muda, mas algo sempre fica, persiste. 

Já quis falar sobre a noite estrelada do van Gogh  
Que vimos viva n’água do trapiche à beira-mar 
Os seus morros-sombra e o pacífico socó noturno. 

Já quis falar de tanta coisa linda 
E uma vez ou outra, de estados perturbados. 

Porém, há uma coisa que ultrapassa tudo 
Tudo o que deixei de escrever não chega aos pés disso 
Que persiste aqui dentro e que não vou deixar passar 
E esse tempo apenas confirmou sua posição superior.

É um lugar 
Ali... 

Entre os olhos e o nariz dela
É o riso dela ali, nesses dois espaços.

Esqueçam as obras de pintores e compositores 
Jamais me farão sentir o que eu sinto quando eu vejo esse riso dela
Que resolve tudo 
Que faz eu perceber que o mundo, naquele momento 
Está mais do que suficientemente azul, leve e florido.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Azul-sim

Entregamo-nos
Ao ondulante e fresco abraço do Peri
E o coração meu
Que ondulava igual, porém mais quente
Disse "agora" e eu disse "ei...
Quer ser minha namorada?"
E o coração teu disse, com sorriso, "sim".

E eu, que algumas vezes já beijei teu rosto
Agora achei teu beijo
E o beijo éramos nós, de fato
Dançando um poema resumido em toque.

Nadamos até o beijo
Flutuamos em abraços
Mergulharemos? Sim!
Amar é viver ciclo chuva, água doce e mar.

Depois, eu te orbitava como a lua à Terra
E ondulava entre nossas almas-ilhas
O que, leve, nos lavava: amor-água
E o céu cantarolava azul-sim.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Calma

Me desculpe
Se eu perdi a calma com a situação
Me desculpe se eu deixei que o sentimento
Endurecesse as minhas palavras 
É que eu não tenho mesmo muita paciência 
Com poderes ilusórios
E se eles não são vistos como tais
É que fica mais difícil
E se eles te impedem de pousar e descansar 
Se eles te seguram onde não mais quer
E se eles tentam, sem sucesso, apagar tua chama
Vendar teus olhos, te isolar e calar teu coração 
É que eu largo toda a calma e, se me deixa
Num pulo eu chego e, se preciso, chuto a porta 
Embarque e deixe ao vento a ilusão, querida
Que é assim que elas morrem
Segura essa minha mão que abri pra ti 
Que a outra está fechada
Não sou violento, apenas precavido
Fique atrás de mim
Desça e espere, que eu já vou.