Aquela paz de uma tarde, que é como se fosse manhã
de sábado, que é como se fosse domingo, ou terça
ouvindo, que é como se não ouvisse
um pássaro, que é como se fosse eu
lá fora, que é como se fosse aqui
a paz do momento que não importa
da indiferença autêntica, inocente
todas as filosofias
todas as ciências
todas as religiões
nenhuma delas
ser um bicho, finalmente
e menos: sem qualidades
enquanto um corpo é inspirado e expirado
que é como se fosse eu respirando
e não sedento, sem a fim
sem dentro, sem mim
rio como um rio.