No horizonte que nos arrodeia
o vermelhão se espalha bem mansinho num gradiente
enquanto a lua brilha em cima, feito um brinco
corta a cana, Sérgio, e
dá pras vaca!
enche o cocho das galinha
cuida o porcão que
quando vê ele foge e já ta atrás de ti
cafungando tu pegando
o trato
e vai que te abocanha!
lixo?
se demora a ter...
se demora a ter...
esse é pros cachorro
esse pros porco
e esse pra horta
pronto, só lavar.
taca lenha no fogão!
arreda essa chaleira antes que seque!
tira as batata doce do forninho, vê o
arroz, o frango e o aipim e o pinhão!
agora um mate...
e vamo dá
pernada!
tem cachoeirinha,
figueira centenária, açude, cânion...
e o Urso velho firme, sempre esperto, nos cuidando como o veterano que é daqueles campos.
e os pé de fruta, bah!
só imagino no verão
vai dá de tudo!
só imagino no verão
vai dá de tudo!
ô dia que rende o do colono!
e parece até que tem mais tempo pra "vadiar", prosear, dormir...
e parece até que tem mais tempo pra "vadiar", prosear, dormir...
no fim, tudo se tinge de laranja
as sombras se esticam até não poderem mais
e se arrebentam todas juntas numa única e grandiosa sombra - a Noite.
logo já se vai deitar
e a sensação de saciedade é bem além de ter comido, ou ter rendido
é sensação de ter vivido.
...
não vi nenhuma teoria
nem palavra, letra
nem conceito ou número qualquer naquelas bandas
vai ver é por isso que quando a professora do Sérgio fez uns cartões com figuras de árvores que tem por ali e o nome escrito embaixo, pra estimular ele a aprender a ler
ele seguiu ignorando aqueles símbolos e acertando tudo com a destreza de um
como se lesse.
e ele lê.
lê o "jeitão" que a natureza tem
essa coisa holística que não se explica
e que é tudo o que ela têm na realidade.