quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Estilo é...
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Intervalo
sábado, 25 de setembro de 2010
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Crônicas do REM II
Era um piano daqueles verticais (não de cauda), visivelmente reformado, pois tinha partes com madeira diferente do restante. O pianista era um homem de aparência simples, com barba e roupas quase que típicas de um mendigo. Tocava o noturno nove, número dois, de Chopin, no meio de um calçadão. Aproximei-me, quase ao lado dele, para acompanhar de perto. Vibrei e até movimentei as mãos tentando seguir partes da execução. Quando me dei conta, uma platéia enorme estava sentada ao redor dele (e, portanto, de mim também). Era uma apresentação magistral.
Em outro momento do mesmo sonho (ou em outro sonho do mesmo sono), estava diante de uma praça com jardim cuidadosamente elaborado. As flores, contudo, estavam secas, todas no mesmo tom pardo. Mesmo assim, olhei tudo com admiração, porque sabia que era só uma questão de tempo até que o lugar readquirisse vida.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Prenúncio da estação
Porque exalto a primavera
Sete dias antes dela
É que hoje o sol chegou rasgando o cinza
E não tem porque mais tarde; perderia a naturalidade
Tenho ritmo e intensidade
Agora dê-me a letra
Da janela vêm-me letras amarelas de um ipê no fundo azul
E o vento as dança
Não estou pra lalalas suaves e nem elas
Minha exaltação se estende até o verão
Lá tem água nas narinas e calor nos olhos
Por enquanto curto a transição e o frescor
Permaneço na introdução da valsa do imperador
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Os avessos da beleza
Crônicas do REM
Uma torre humana. Um a um de pé sobre os ombros do indivíduo anterior. No topo, quilômetros acima da estratosfera, eu e dois de meus melhores amigos da infância. Alcançamos o espaço. Quando a torre começou a desfazer-se, preparamo-nos para a queda; mas não ocorreu. Estávamos alto demais para sofrer o efeito gravitacional. Ficamos só os três, suspensos no espaço. Olhei para baixo e só vi estrelas. Talvez a ausência da gravidade tenha me tirado a noção de em cima-embaixo. Subimos tão alto que não conseguimos mais voltar a por os pés no chão.
sábado, 11 de setembro de 2010
O canto
deste dia com gradiente curto
Amanhecido em cinza claro
entardecido em cinza escuro
Mas entre pedras cinzas também nascem flores
Como é bom ouvir um sabiá num dia assim!
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
terça-feira, 7 de setembro de 2010
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Estilo é
domingo, 5 de setembro de 2010
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
FELIZ DIA DO BIÓLOGO!!
Somos todos pêlo duro dessa profissão mal paga e bem humorada!!
ABRAÇO!!!! E um beijo no trocanter alostérico metilado pelo mecânismo de Frank-Starling fosforilado pelo androceu policarposo da diatomacea que parece uma caixinha!!
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Ponto de Mutação
Respondo que o oceano sabe.
Por quem a medusa espera em sua veste transparente?
Está esperando pelo tempo, como tu.
Quem as algas apertam em teus braços?, perguntas mais firme que uma hora e um mar certos?
Eu sei perguntas sobre a presa branca do narval e eu respondo contando como o unicórnio do mar, arpado, morre.
Perguntas sobre as plumas do rei-pescador que vibram nas puras primaveras dos mares do sul.
Quero te contar que o oceano sabe isto: que a vida, em seus estojos de jóias, é infinita como a areia incontável, pura; e o tempo, entre uvas cor de sangue tornou a pedra lisa encheu a água-viva de luz, desfez o seu nó, soltou seus fios musicais de uma cornicópia feita de infinita madrepérola.
Sou só uma rede vazia diante dos olhos humanos na escuridão e de dedos habituados à longitude do tímido globo de uma laranja. Caminho como tu, investigando as estrelas sem fim e em minha rede, durante a noite, acordo nu. A única coisa capturada é um peixe dentro do vento.
Pablo Neruda